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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma árvore

O mesmo céu azul. O mesmo vento aconchegante. A mesma árvore ali, como se os anos não tivessem passado, enormemente graciosa, parecendo querer mostrar que havia crescido bastante desde a última vez que ele estivera ali.
Correu os dedos rapidamente pela casca do grosso tronco, refamiliarizando-se. Mas a árvore parecia dizer: "Que bom que voltou!" Ele olhou em volta e suspirou. Quem dera se a árvore pudesse falar e lhe desse notícias dela... Ela. Subitamente, começou a examinar os arredores do tronco, procurando avidamente por alguma coisa.
Um sorriso coloriu seus lábios e o coração disparou. Risos. Ele ainda podia ouvir nitidamente as gargalhadas de um casal de amigos que costumavam se encontrar ali naquela árvore.
― Parou, parou... ― ela disse resfolegando após ter rido horrores.
― Iiih, tá fraca... ― ele brincou ― Sério, não sei como tu ri disso.
― Tu sabe que eu sou besta pra rir.
Ela se levantou e caminhou para a parte oposta da árvore.
― Ei, vem cá! Olha isso. ― ela chamou, após ter encontrado algo ali.
― Nossa, quantos nomes...
Ali, naquele tronco, estavam escritas dezenas de nomes, todos em pares e dentro de um coração. Os mais apaixonados colocavam flechas, os mais exagerados desenhavam mais corações menores ao redor de seu. Podia-se sentir o amor e toda a sua atemporalidade naquelas marcas.
― Muito lindo isso aqui. ― ela sorriu e deu um suspiro entristecido.
A cena era perfeitamente nítida, e ele sentiu um desejo profundo de realmente estar ali de novo, naquele momento. A dor do arrependimento começava a corroer-lhe o peito à medida que as lembranças iam fluindo. Agora ele era capaz de perceber claramente o que acontecia naquela hora.
― Também achei. ― a voz dele saiu vacilante. Não acreditava enquanto passado, mas a reminiscência o forçou a ver que ela o fitava apaixonadamente, esperando qualquer sinal de correspondência. Os corações passado e presente pareciam bater nervosamente em uníssono.
― Eu gosto de você. ― a frase saltou da boca dela como se há muito quisesse se libertar dali. ― Eu sei que pode ser um erro, mas eu precisava te falar isso. ― ela falava rápido, despejando as palavras.
― Gosta... de mim? ― ele gaguejava, assustado e incrédulo. ― Mas, mas...
― Desculpa! Me desculpa, por favor.
― Não... É que... ― ele não sabia o que fazer. Não naquela hora. Por que, por que ele não podia voltar e fazer o que agora sabia que deveria ser feito? A respiração estava tensa. ― Eu... Não posso.
A ira tomou conta do presente ao recordar as lágrimas visivelmente enclausuradas com muito custo nos olhos dela. Abraçaram-se. Agora ele podia sentir que ela o amara doce e intensamente. Cruzou os braços e apertou-se solitariamente, sentia-se arrasado pelo arrependimento.
Olhou mais uma vez para o tronco, certificando-se de que aquilo que encontrara não tinha sido uma ilusão. Não tinha. Parecia intacto, de tão profundo que fora feito. Ela realmente gravara os nomes deles na árvore, junto com todos os outros que ali já estavam. Mas ela fez mais. Seus nomes estavam um pouco acima dos outros e em letras maiores. Só não estavam dentro de um coração. Mas estavam firmemente incrustados ali.
Por que será que ela havia feito isso? Deixou até escapar um "por quê?" alto e arrastado.
― Porque eu gosto de você.
Ele pensou que a lembrança estava se repetindo, nítida como sempre. Mas, ao dar meia volta, seu olhar pousou no dela.
― Eu sei que pode ser um erro, mas eu precisava te falar isso. ― continuou, agora sem aquele nervosismo todo. Ela tinha o mesmo sorriso, agora mais vivo.
― Me desculpa. ― ele disse, após um longo e forte abraço, olhando-a nos olhos, sentindo sua respiração.
Então aquela árvore sentiu-se mais verde e sacudiu vivamente a copa com a ajuda daquele vento aconchegante, parecendo aplaudir o beijo apaixonado que ali testemunhou. Mais um amor que ela semeava. Mais uma marca que ela mesma fazia na infinita estrada desse sentimento.


P.S.: hey, olha eu aqui! É, milagres acontecem... Vai ver é o espírito natalino haha Enfim, uma vez eu disse a um amigo meu que tinha surtos de criatividade. Pois bem, vocês acabaram de se deparar com um deles! Acreditam que a ideia desse texto surgiu de uma imagem que eu vi no Tumblr? LOL Ah, e é a primeira vez que eu escrevo com ponto de vista masculino :P Narração não é meu forte, apenas ignorem se tiver ficado sem sentido hehe Espero que vocês gostem. Até a próxima, negada! Dingou béus pra vocês -q

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